Quando pensamos em nadar, muitas vezes associamos a piscina a momentos de lazer e relaxamento. No entanto, há um perigo invisível que pode estar presente, mesmo nas águas mais limpas: as infecções que você pode pegar na piscina. Embora a água pareça cristalina, ela pode estar contaminada com uma série de microrganismos que representam sérios riscos à sua saúde. Saber como essas infecções ocorrem e o que você pode fazer para evitá-las é fundamental para garantir uma experiência de nado segura.
Infecções bacterianas, virais e fúngicas podem ser contraídas simplesmente ao entrar em uma piscina que não esteja devidamente tratada ou que tenha sido exposta a fatores externos. Piscinas públicas e particulares podem ser ambientes ideais para o desenvolvimento de patógenos, tornando crucial o conhecimento sobre os riscos envolvidos e as medidas de prevenção.
Nesta publicação, você vai ver as infecções mais comuns em piscinas, bacterianas e parasitárias, identificando os sintomas e oferecendo orientações sobre como prevenir esses problemas.
Por que a piscina pode ser um foco de infecções?
As piscinas, mesmo aquelas que parecem estar em perfeito estado, podem se transformar em verdadeiros focos de infecções se não forem mantidas adequadamente. Existem diversos fatores que favorecem o desenvolvimento de microrganismos, e entender essas causas é essencial para prevenir problemas de saúde associados. Aqui estão as principais razões que tornam as piscinas um ambiente propício para infecções:
Falta de tratamento químico adequado
O tratamento químico da água da piscina, especialmente o controle da alcalinidade total, do pH e do cloro livre, é fundamental para manter a água livre de patógenos. Quando o cloro livre está em níveis insuficientes ou o pH está desequilibrado, o ambiente se torna ideal para o crescimento de bactérias, vírus e fungos.
O cloro livre entre 1 e 4 ppm é responsável por eliminar a maioria dos agentes infecciosos, mas quando esse não é o cenário, esses microrganismos encontram espaço para se multiplicar e podem causar uma série de infecções na pele, olhos, ouvidos e sistema digestivo.
Falta de manutenção da piscina
Outro fator crucial é o tratamento físico da piscina. A filtração e a circulação contínuas da água são essenciais para evitar que a água fique parada, o que contribui para a criação um ambiente propício para o acúmulo de resíduos e o crescimento de microrganismos.
A ausência de uma filtração eficiente permite que patógenos, como bactérias e algas, se proliferem rapidamente, contaminando a água e aumentando o risco de infecções para os banhistas.
Contaminação externa
Mesmo uma piscina bem tratada quimicamente e com manutenção bem feita pode ser contaminada por fatores externos. Banhistas sem a devida higiene podem introduzir microrganismos, como bactérias e vírus, diretamente na piscina.
Além disso, folhas, sujeira e detritos trazidos pelo vento e pelas chuvas também contribuem para a contaminação da água, trazendo com eles fungos e outros patógenos que podem provocar infecções.
Isso sem contas nos casos em que a piscina acaba recebendo água de enxurradas, enchentes, etc.
Infecções mais comuns que você pode pegar na piscina
A exposição à água contaminada pode trazer riscos à saúde, especialmente por bactérias e vírus que encontram condições ideais para se proliferar. Listamos aqui algumas das infecções mais comuns que podem ser contraídas ao nadar em piscinas mal cuidadas.
Infecções bacterianas
E. coli
A Escherichia coli, ou E. coli, é uma bactéria que pode estar presente em piscinas contaminadas, especialmente quando há uma falta de cloro adequado e a presença de matéria fecal. Banhistas que não tomam as devidas precauções de higiene antes de entrar na água podem introduzir essa bactéria na piscina.
O principal sintoma de uma infecção por E. coli é diarreia, que pode ser acompanhada por dores abdominais severas, náuseas e, em casos mais graves, até mesmo desidratação.
A presença de E. coli em piscinas é um indicador claro de contaminação fecal e da falta de manutenção química adequada. Para evitar esse tipo de infecção, é essencial garantir que os níveis de cloro livre estejam sempre dentro dos padrões recomendados e que haja um controle eficiente do pH e da alcalinidade da água.
Legionella
A bactéria Legionella é responsável por causar a Doença do Legionário, uma forma grave de pneumonia. Ela pode proliferar em piscinas que não recebem uma manutenção correta, especialmente em sistemas de água parada ou mal circulada. A infecção ocorre geralmente quando gotículas de água contaminada são inaladas, o que pode acontecer, por exemplo, em piscinas aquecidas ou ambientes com alta umidade.
Os sintomas da Doença do Legionário incluem febre alta, tosse, dificuldade para respirar e dores musculares. Em casos mais graves, a doença pode levar à hospitalização. A prevenção passa necessariamente pelo cuidado rigoroso com o balanceamento químico da água e pela manutenção regular da casa de máquinas da piscina, afinal de contas, se a filtração parar, o tratamento sempre é prejudicado.
Infecções virais
Vírus da hepatite A
O vírus da hepatite A é um dos patógenos virais mais preocupantes quando se fala em piscinas contaminadas. Ele pode ser transmitido por meio da água quando a piscina está contaminada com resíduos fecais. A hepatite A afeta o fígado e pode causar inflamação, com sintomas como icterícia (pele e olhos amarelados), fadiga, dor abdominal e náuseas.
Piscinas com tratamento inadequado ou em locais onde as práticas de higiene não são seguidas à risca apresentam maior risco de transmissão do vírus da hepatite A. Por isso, é fundamental que as piscinas sejam tratadas regularmente com cloro e que o pH seja monitorado de perto para garantir a eficácia do cloro adicionado e dos outros produtos químicos na eliminação desse tipo de vírus.
Adenovírus
Os adenovírus são responsáveis por uma ampla gama de infecções, e podem ser transmitidos facilmente em ambientes como piscinas públicas. Essas infecções podem afetar o sistema respiratório, causar conjuntivite (infecção ocular) e distúrbios gastrointestinais.
Pessoas que nadam em piscinas contaminadas com adenovírus podem desenvolver sintomas como tosse, dor de garganta, diarreia e até mesmo infecções oculares. Para prevenir a proliferação desse vírus, é crucial manter a piscina limpa, com filtragem adequada e tratamento químico regular.
Infecções fúngicas
As infecções fúngicas são outro risco que os banhistas podem enfrentar ao frequentar piscinas, principalmente em áreas com alta umidade, como as bordas e superfícies ao redor da piscina. Os fungos prosperam em ambientes úmidos, e, sem o tratamento adequado, podem ser facilmente transmitidos de uma pessoa para outra.
Micose (Tinea pedis)
Conhecida popularmente como “pé de atleta”, a micose é uma infecção fúngica comum em áreas ao redor de piscinas e vestiários.
Para evitar a infecção por micose, é preciso manter os arredores da piscina limpos e secos, além de incentivar os banhistas a usarem sandálias ou chinelos ao caminhar fora da água.
O fungo Tinea pedis se desenvolve em superfícies úmidas, especialmente em pisos molhados, e pode ser contraído ao caminhar descalço por esses locais.
A micose causa sintomas como coceira intensa, vermelhidão e descamação da pele, principalmente entre os dedos dos pés.
O tratamento adequado da água e a higienização constante das superfícies também ajudam a prevenir o crescimento de fungos.
Candidíase
A candidíase é uma infecção causada pelo fungo Candida, que pode se proliferar em ambientes de água quente ou em piscinas que não recebem tratamento químico adequado. Embora seja mais comum em áreas do corpo onde há calor e umidade, como nas regiões íntimas, a candidíase pode ser desencadeada pela exposição a piscinas mal cuidadas.
Os sintomas incluem coceira, vermelhidão e irritação na pele ou nas áreas afetadas. Para evitar a candidíase, é importante garantir que a água da piscina esteja sempre bem tratada e que os níveis de cloro sejam mantidos dentro dos padrões recomendados.
Infecções parasitárias
As infecções parasitárias são outro tipo de ameaça que pode ser contraída em piscinas contaminadas. Dois dos parasitas mais conhecidos que podem estar presentes na água são a Giardia e o Cryptosporidium, ambos capazes de causar sérios problemas gastrointestinais.
Giardia
A Giardia é um parasita que se espalha por meio de fezes contaminadas, tanto humanas quanto de animais. Piscinas mal tratadas ou expostas à contaminação fecal são ambientes onde esse parasita pode se desenvolver. A ingestão acidental de água contaminada com Giardia pode causar uma infecção conhecida como giardíase, cujos sintomas incluem diarreia, cólicas abdominais e náusea.
Para evitar a disseminação da Giardia, é essencial que banhistas tomem banho antes de entrar na piscina e que a piscina seja constantemente monitorada para garantir níveis adequados de cloro, além de uma boa filtragem da água.
Cryptosporidium
O Cryptosporidium é um parasita extremamente resistente ao cloro, o que o torna um dos mais difíceis de eliminar em piscinas. Mesmo com tratamentos regulares, esse parasita pode sobreviver por longos períodos em água inadequadamente tratada, especialmente em piscinas públicas. A infecção causada pelo Cryptosporidium, conhecida como criptosporidiose, pode resultar em sintomas gastrointestinais severos, como diarreia intensa, vômitos e febre.
Dada a resistência do Cryptosporidium ao cloro, a prevenção envolve não só a manutenção dos níveis químicos da piscina, mas também o uso de tratamentos mais avançados, como a desinfecção ultravioleta e o uso de geradores de ozônio, e medidas preventivas rigorosas para garantir que pessoas com sintomas de doenças gastrointestinais não utilizem a piscina.
Como identificar uma infecção contraída na piscina?
Identificar uma infecção contraída em piscinas é fundamental para agir rapidamente e evitar complicações. Embora nem todas as infecções se manifestem imediatamente, é importante estar atento aos sinais e sintomas após nadar em piscinas, especialmente se houver suspeita de contaminação.
Sinais e sintomas comuns
Infecções causadas por bactérias, vírus, fungos ou parasitas presentes na água contaminada podem gerar uma variedade de sintomas. Aqui estão os sinais mais comuns:
- Diarreia: Uma das manifestações mais frequentes de infecções parasitárias e bacterianas, especialmente aquelas causadas por Giardia, Cryptosporidium ou E. coli. Se ocorrer dentro de alguns dias após nadar, pode indicar que a infecção foi contraída na piscina.
- Erupções cutâneas: Erupções e irritações na pele podem surgir devido a infecções fúngicas, como a micose, ou a presença de bactérias na água. Além disso, a exposição prolongada a água mal tratada pode causar irritações alérgicas.
- Olhos vermelhos: O contato com água contaminada pode causar irritações oculares, como conjuntivite, provocada por vírus, bactérias ou adenovírus. Se os olhos ficarem vermelhos e coçando após o uso da piscina, pode ser um indicativo de infecção.
- Irritação respiratória: Tosse, dificuldade para respirar e outros sintomas respiratórios podem ser sinais de infecção por bactérias como a Legionella, que afeta o trato respiratório e pode causar a Doença do Legionário.
Esses sintomas são sinais de alerta que não devem ser ignorados, especialmente se persistirem por mais de 24 horas ou se forem acompanhados de febre, dor intensa ou fraqueza.
Quando procurar um médico?
Nem todas as infecções contraídas em piscinas requerem cuidados médicos urgentes, mas algumas situações exigem uma avaliação mais atenta:
- Diarreia severa e persistente (mais de dois dias) ou com sinais de desidratação, como boca seca, tontura e pouca urina.
- Dificuldade para respirar ou sintomas respiratórios intensos após nadar em uma piscina, o que pode indicar infecções graves como a Doença do Legionário.
- Erupções cutâneas graves ou que não melhoram com tratamentos caseiros em 48 horas.
- Irritação ocular severa que persiste após a exposição à água ou com presença de secreção, o que pode indicar uma conjuntivite infecciosa.
Nessas situações, a procura de um médico é essencial para evitar o agravamento do quadro. Se os sintomas persistirem ou forem graves, o médico pode solicitar exames específicos para identificar a causa da infecção. Alguns dos testes mais comuns incluem:
- Exames de fezes: Utilizados para diagnosticar infecções gastrointestinais causadas por parasitas como Giardia ou Cryptosporidium, e bactérias como E. coli.
- Exames de sangue: Testes sanguíneos podem ser necessários para identificar infecções virais como a hepatite A, ou para medir o nível de inflamação no corpo.
- Culturas bacterianas: Amostras de pele, olhos ou secreções respiratórias podem ser coletadas e cultivadas em laboratório para identificar bactérias causadoras de infecções como a conjuntivite ou infecções respiratórias.
- Exames de imagem: Em casos mais graves, como suspeita de infecções respiratórias profundas, podem ser solicitados exames como raios X do tórax para avaliar a presença de pneumonia, por exemplo, associada à Legionella.
Prevenção: Como evitar infecções em piscinas?
Prevenir doenças que você pode pegar na piscina envolve uma combinação de cuidados pessoais e manutenção regular da água. Seguir boas práticas antes, durante e após o uso da piscina pode minimizar consideravelmente os riscos à saúde. Abaixo, detalhamos as principais medidas de prevenção que devem ser adotadas.
Cuidados pessoais
Os hábitos de higiene pessoal dos banhistas são essenciais para garantir que a piscina permaneça um ambiente seguro para todos. Aqui estão algumas práticas fundamentais:
- Higiene antes de entrar na piscina: Muitas infecções na piscina são causadas por microrganismos que os banhistas trazem em seus corpos. Tomar uma ducha antes de nadar ajuda a remover impurezas como suor, células mortas da pele e restos de produtos cosméticos, evitando que contaminem a água. Essa prática simples reduz significativamente a carga de patógenos na piscina, prevenindo infecções como conjuntivite e doenças gastrointestinais.
- Uso de trajes adequados: Trajes de banho apropriados são feitos para não acumular sujeira, fungos ou bactérias. Evite roupas de tecido comum, como algodão, pois elas podem reter impurezas e liberá-las na água. Além disso, mantenha sempre os trajes de banho limpos e secos após o uso para evitar o crescimento de fungos, que podem causar infecções como a micose.
Manutenção da piscina
A qualidade da água da piscina é diretamente ligada à sua manutenção. Uma piscina bem cuidada não apenas oferece uma experiência de lazer mais agradável, como também minimiza a proliferação de microrganismos perigosos.
- Monitoramento regular da alcalinidade, do pH e do cloro livre: Manter o equilíbrio da alcalinidade, do pH e do cloro da piscina é crucial para evitar o crescimento de bactérias, vírus e fungos na água. O pH deve estar entre 7,2 e 7,6, enquanto o nível de cloro livre deve ser mantido entre 1 e 4 ppm (partes por milhão). A alcalinidade total, o primeiro parâmetro a ser ajustado, deve estar sempre entre 80 e 120 ppm. Esses parâmetros garantem que a água esteja saudável e protegida contra patógenos como a Legionella e a E. coli.
- Limpeza e filtração constante: A filtração da água é um dos pilares da manutenção da piscina. O filtro remove partículas de sujeira, folhas e detritos que podem introduzir patógenos na água. Além disso, a limpeza regular das paredes e fundo da piscina, por meio de escovação e aspiração, evita o acúmulo de biofilme e algas, que podem servir como ambiente propício para o crescimento de microrganismos. A filtração correta evita a proliferação de parasitas como Giardia e Cryptosporidium, que são resistentes ao cloro.
Manter a água da piscina dentro dos parâmetros corretos requer monitoramento constante. Além de verificar o pH e a alcalinidade, é preciso garantir que não apenas o cloro total esteja dentro do nível correto, mas também o cloro livre: o real responsável pela sanitização da água.
Manter a piscina livre de infecções não depende apenas de quem a utiliza, mas também da frequência e qualidade da manutenção. Seguindo essas práticas preventivas, é possível reduzir consideravelmente os riscos de infecções que você pode pegar na piscina, garantindo um ambiente saudável para todos.
Conclusão
As piscinas, embora sejam uma excelente opção de lazer e diversão, podem se tornar um foco para várias infecções se não forem mantidas corretamente. Hoje discutimos as infecções mais comuns que você pode pegar na piscina, desde infecções bacterianas como E. coli e Legionella, até infecções virais, fúngicas e parasitárias. Esses microrganismos, invisíveis a olho nu, podem causar problemas sérios de saúde, e estar ciente desses riscos é o primeiro passo para se proteger.
Para garantir uma experiência segura e agradável em piscinas, a prevenção é fundamental. Seguir as dicas de higiene pessoal, como tomar uma ducha antes de nadar e usar trajes adequados, juntamente com a manutenção adequada da piscina, incluindo o monitoramento do pH e do nível de cloro livre, são medidas simples, mas extremamente eficazes.